Prótese Mamária e Radioterapia Hipofracionada
- Onco SP
- 23 de abr.
- 3 min de leitura
Conheça os riscos relacionados à radioterapia hipofracionada de mama em pacientes com prótese mamária de silicone

A reconstrução mamária com prótese é uma etapa importante no tratamento de muitas mulheres após a cirurgia oncológica da mama. Com os avanços da radioterapia, técnicas como a radioterapia hipofracionada vêm ganhando destaque por oferecerem maior praticidade e eficácia. Mas como essa modalidade afeta pacientes que optam pela prótese mamária?
O que é radioterapia hipofracionada?
A radioterapia hipofracionada utiliza doses maiores de radiação por sessão, reduzindo o número total de sessões. Tradicionalmente, um tratamento completo poderia durar entre 5 a 6 semanas; com o hipofracionamento, esse tempo pode cair para 3 a 4 semanas — ou até menos, dependendo do protocolo.
Essa técnica tem se mostrado tão eficaz quanto a radioterapia convencional em muitos casos de câncer de mama, com taxas de controle local equivalentes e boa tolerância pelos pacientes.
E quanto às próteses mamárias?
A presença de próteses siliconadas, especialmente no contexto de reconstrução imediata, levanta dúvidas sobre os efeitos da radioterapia — particularmente com esquemas hipofracionados. Um dos principais riscos associados é a contratura capsular, que ocorre quando o corpo forma uma cápsula de tecido cicatricial em torno da prótese, podendo causar dor, deformidade ou endurecimento da mama.
O que dizem os estudos?
Estudos recentes mostram que a combinação de prótese mamária e radioterapia hipofracionada não aumenta significativamente o risco de complicações graves, mas alguns pontos merecem atenção:
A incidência de contratura capsular em pacientes irradiadas com prótese varia de 15% a 30%, enquanto em pacientes não irradiadas, esse número gira em torno de 5% a 10%.
Quando comparada à radioterapia convencional, a forma hipofracionada não demonstrou aumento estatisticamente significativo de complicações relacionadas à prótese em estudos clínicos recentes.
Uma metanálise publicada em 2022 com mais de 3.000 pacientes sugeriu que os índices de reoperação ou falha reconstrutiva foram semelhantes entre os dois esquemas radioterápicos.
Equipes médicas
É essencial que médicos ginecologistas, mastologistas, cirurgiões plásticos e clínicos gerais estejam atentos à interação entre reconstrução mamária e radioterapia, especialmente no momento do planejamento cirúrgico e nas orientações pós-operatórias.
O diálogo entre as equipes de oncologia, cirurgia e radioterapia é fundamental para oferecer o melhor desfecho estético e oncológico para a paciente.
Considerações
A radioterapia hipofracionada é segura e eficaz para pacientes com câncer de mama.
Mulheres com prótese mamária podem se beneficiar desse esquema com baixos riscos adicionais.
A individualização do tratamento e o acompanhamento multidisciplinar são essenciais.
A escolha do melhor tratamento leva em conta não só a eficácia contra o câncer, mas também sua qualidade de vida.
Referências Bibliográficas
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